quinta-feira, 18 de abril de 2013


Mais de 1.200 crianças e adolescentes viciados em crack vivem nas ruas de SP

Mais de mil crianças e adolescentes que vivem nas ruas da capital paulista são viciadas em crack. A estimativa é do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo. "O pessoal que atende na rua estima que haja 1.200 crianças e adolescentes envolvidas com crack só em São Paulo (na capital). É um número muito alto", disse à Agência Brasil presidente da organização, Robson Cesar Correia de Mendonça.
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Governo de São Paulo realiza programa de internação compulsória de viciados22 fotos

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21.jan.2013 - Dependente químico se enrola em cobertor, na região central de São Paulo. Nesta segunda-feira teve início o programa de internações involuntárias de dependentes químicos que ocupam as ruas da cidade. O projeto foi idealizado pelo governo de São Paulo em parceria com o Tribunal de Justiça, Ministério Público e a Ordem de Advogados do Brasil Leia mais Leonardo Soares/UOL
Segundo o desembargador Antonio Carlos Malheiros, coordenador da Vara de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo, só na região da cracolândia, na área central da cidade, a estimativa é de que até 400 crianças estejam envolvidas com drogas especialmente crack.
"Temos entre 22 e 23 cracolândias cercando a cidade. A central, que é a maior cracolândia do mundo, tem 2.000 usuários [entre adultos, crianças e adolescentes]. Calculamos que mais ou menos 20% dessas pessoas são crianças e adolescentes. Ou seja, devemos ter, no centro da cidade, entre 200 e 400 crianças e adolescentes em situação de drogadição. Fora nas outras [cracolândias], que não faço nem ideia", disse o desembargador, que tem visitado a região praticamente todos os dias.
Para Ana Regina Noto, professora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que em 2004 coordenou um estudo envolvendo 2.807 crianças e adolescentes em situação de rua de 27 capitais do país, o número de dependentes não cresceu muito depois da elaboração da pesquisa, mas houve mudanças no uso.
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Fotógrafos passam 24h em sete cracolândias do Brasil24 fotos

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Jovem usuário de crack consome droga nos arredores do centro do Rio de Janeiro. Fotógrafos da Reuters passaram 24 horas em sete cidades brasileiras para registrar a movimentação das cracolândias, áreas onde muitos usuários de crack se reúnem, na maioria das vezes durante à noite. Do centro de São Paulo às favelas do Rio de Janeiro, da capital amazônica Manaus ao pólo turístico colonial de Salvador, a droga se espalha pelo país Leia mais Reuters
"Cresceu o consumo de crack, mas a gente percebe também que houve substituição. Não houve aumento de crianças e adolescentes usando drogas, isso permaneceu o mesmo. Mas houve uma migração porque o crack começou a ocupar espaço nas grandes cidades e começou a ser uma droga de opção. Muitos que usavam cocaína começaram a migrar para o crack", disse à Agência Brasil.
Um levantamento feito pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa sobre a situação do crack, da maconha e outras drogas nos municípios paulistas e divulgado em dezembro do ano passado, com o nome de Mapa do Crack, apontou que das 50.511 pessoas que foram atendidas nos sistemas públicos de saúde em 299 municípios de São Paulo por envolvimento com o crack 5.676 eram menores de 18 anos. Os dados, segundo a frente parlamentar se referem ao ano de 2011. Cerca de 6% dos usuários de crack que procuraram o sistema público de saúde para tratamento eram menores de até 13 anos de idade. Do total de pessoas que procuraram atendimento para se tratar do vício, 21% tinham entre 14 e 20 anos de idade.
A Agência Brasil procurou a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo para confrontar os números, mas não obteve retorno. Mas segundo o Censo da População em Situação de Rua na Municipalidade de São Paulo, que foi divulgado pela secretaria e que se encontra disponível em seu site oficial, 14.478 pessoas viviam nas ruas de São Paulo em 2011, sendo que 6.765 delas em situação de rua e 7.713 em centros de acolhimento da capital. O censo apontou que mais da metade dessa população vivia na região central. Desse total, 7.002 eram adultos, 1.455 idosos, 221 adolescentes e 212 crianças. O censo também apontou que 743 viviam entre a Rua Helvétia e a Alameda Dino Bueno, que fazem parte da chamada cracolândia.
O atendimento de crianças e adolescentes dependentes é feito principalmente hoje por meio de organizações não governamentais ou pela prefeitura, que as encaminham para os centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura de São Paulo, por meio de suas secretarias de Assistência Social (que faz a abordagem das crianças e adolescentes em situação de rua) e de Saúde (responsável pelo atendimento e tratamento dessas crianças e adolescentes viciados em crack), não respondeu e nem explicou como é feita a abordagem e o tratamento desses menores e nem deu uma média de quantos deles são abordados nas ruas ou encaminhados para os centros de tratamento a cada mês.
O governo de São Paulo, que desde janeiro desenvolve um programa voltado para a cracolândia, informou que as crianças e adolescentes, assim como os adultos, são atendidos pelo programa, mas não forneceu mais detalhes sobre como ele é desenvolvido, especificamente crianças e adolescentes viciados em crack. A Secretaria Estadual de Saúde declarou que algumas crianças e adolescentes são atendidos no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), mas que a grande maioria é encaminhada para os Caps, de responsabilidade da prefeitura.
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Polícia Civil faz operação na cracolândia, em São Paulo12 fotos

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1º.ago.2012 - Imagem mostra o prédio no centro de São Paulo onde houve operação da Polícia Civil para coibir a prostituição e o tráfico de drogas, na manhã desta quarta-feira (1). A ação ocorre no dia seguinte a uma liminar da Justiça que limitou a ação da Polícia Militar na área, depois de denúncias de violência contra usuários de drogas Fernando Donasci/UOL

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